quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

O primeiro aninho

Eu tive muita dúvida entre fazer a festa de aniversário do Antonio ou não, por causa da alergia alimentar. Era algo que eu queria muuuuuito, mas por outro lado, o fato de pensar numa possível reação, me desanimava.
Conversei bastante com a gastropediatra, ela me deu várias dicas e decidi que o Antonio ia ter uma festa. Aí a dúvida era outra: fazer uma festa limpa ou não?
Exclui do cardápio tudo o que já sabemos que ele reage. Então não teve queijo, não teve peixe, muito menos maçã com chocolate. Os doces foram todos sem proteína do leite e eu achei importante que fosse assim. Embora o Antonio ainda não coma doces, se ele comesse, era aquele que ele ia comer, então nada mais justo do que oferecer o que ele comeria aos convidados.
A festa foi linda, os doces estavam deliciosos e a criançada amou. O Antonio se divertiu muito, o Rodolpho e eu pudemos comemorar esse primeiro ano que foi muito importante para nós, como pais de primeira viagem e ter nossos amigos de SJC e familiares ao nosso redor, nos deixou muito felizes.
Não tenho palavras para agradecer a todos que fizeram o nosso dia especial.
Obrigada!

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Reintrodução alimentar

Em julho nós levamos o Antonio em uma nova gastropediatta que foi indicada no grupo de mães APLV do WhatsApp, pois a gastro que eu havia levado meu bebê anteriormente não havia nem encostado as mãos nele para examinar. Ela só falou que o desmame tinha que ser feito e fim.
Essa segunda médica além de ter conhecimentos técnicos, tem um filho APLV e logo de cara já me passou confiança.
Meu marido e eu estávamos aflitos! Parecia que o Antonio estava reagindo a todos os alimentos. Durante a consulta, o Antonio fez coco e todas as vezes que ele ia fazer coco, era a maior choradeira. Ele chorava de um lado e eu do outro. A médica viu o nosso sofrimento e foi muito empática. Até que ela disse tudo o que eu não queria ouvir: "Ele vai ter que ficar só no Neocate por um mês para estabilizar, pois está reagindo a todos os alimentos. O intestino dele está inflamado!". Desabei! Aos poucos a médica foi me convencendo de que essa era a única alternativa e, com muita dor no coração, eu aceitei.
No começo foi horrível! Eu saia de casa, via os bebês mais novos que o Antonio comendo e começava a chorar. Nos grupos de mães, eu recebia fotos dos bebês até mais novos que o Antonio comendo muito e começava a chorar. Teve um tempo que eu até parei de abrir essas fotos de papinha porque estava me fazendo muito mal. Uma mãe nunca quer que o filho tenha limitações.
Aos poucos ele foi melhorando e dias antes de ele completar 9 meses a médica liberou a reintrodução alimentar. Deu medo. Muuuuito medo. Meu filho estava estabilizado e a vida estava tranquila, não queria voltar a viver aquele "inferno". Dessa vez faríamos a reintrodução de uma forma diferente, começaríamos com os legumes, já que as frutas são mais alergenicas.
Voltei com o inhame e o frango que eram seguros e introduzi o chuchu. Deu certo! Na outra semana fomos novamente a consulta e a médica passou uma relação de alimentos. Batata, abobrinha, brócolis, mandioquinha, espinafre, couve-flor e cenoura para introduzirmos um de cada vez, a cada quatro dias. Não testo alimentos a noite, então combinei que introduziríamos um novo alimento todo sábado. Nessa altura do campeonato, já não temos mais pressa, só queremos fazer tudo com segurança.
A médica havia garantido que até 1 ano de idade o Neocate era suficiente e, após pesarmos o Antonio, nos convencemos disso. Ele ganhou mais de 500g em um mês!
Passou mais um mês, não conseguimos testar todos os alimentos porque enfrentamos duas otites e uma faringite (que tirou totalmente a fome do Antonio), o refluxo piorou, mas cinco dos novos alimentos testados, foram aprovados e a batata será reavaliada porque coincidiu de testarmos na crise de otite/faringite.
Ontem tivemos consulta com a gastro novamente e ficamos MUITO FELIZES! A médica falou que ele está indo muito bem na reintrodução alimentar, que provavelmente ele não tem alergias múltiplas, pois um alérgico múltiplo não tolera tantos alimentos. Ele já teria reagido à alguma coisa, pois a IA de alérgico múltiplo é complicada. Além disso, ele continua gordinho e o peso continua não nos preocupando.
Introduziremos o arroz e faremos a reintrodução as frutas. Uma outra coisa que nos deixou muito satisfeitos foi a aceitação dele em relação ao Neo Spoon.
Vamos continuar nossa caminhada com calma e muita fé! De acordo com a médica, quando o Antonio tiver 1 ano e meio, faremos a introdução do leite.
Sinto que Deus ouviu as minhas preces e colocou anjos no meu caminho, além de paz no meu coração. Espero que todas as mamães APLV sejam bem orientadas como eu estou sendo e tenham sucesso na IA de seus bebês!

sábado, 20 de agosto de 2016

O berçário e os médicos


Antes de engravidar eu já sabia que meu bebê teria que ir para o berçário, pois parar de trabalhar nãos fazia parte dos meus planos e ter uma babá muito menos. 
Engravidei. Meu filho não seria o primeiro nem o último bebê a ir para a escolinha cedo. Tirei 6 meses de licença maternidade, mais 1 mês de férias. Aos 6 meses e meio o Antonio foi para o berçário e a adaptação (dele) foi tranquila. 
Pra mim, e acredito que para a maioria das mães, essa é uma fase muito delicada, mas os médicos não entendem e tratam o berçário como o maior vilão das vidas dos nossos babies e nos deixam ainda mais desesperadas.
O pediatra não falou mal do berçário, mas me explicou que o Antonio ficaria muito doente depois que começasse a frequentá-lo. A alergista disse que queria ver o Antonio no primeiro mês após ingressar na escolinha, pois queria ter certeza de que ele não ia ficar muito doente. A gastro perguntou se havia a possibilidade de tirá-lo da escolinha. O otorrino falou que evitar a natação e o berçário fariam muito bem ao Antonio e até a nutricionista entrou nessa de falar que o berçário não era seguro e nos deu várias recomendações quando viu que essa era a nossa única opção. 
Aloooooou!!! Os médicos precisam entender que eu adoraria cuidar do meu filho por tempo integral e ter meu salário na minha conta bancária todo dia 15 e 30 de cada mês, mas não existe essa possibilidade. Em um país onde a saúde pública não funciona, onde falta Neocate para bebês alergicos, trabalhar é necessário! E muitas vezes, pai e mãe precisam trabalhar. A empresa na qual trabalho oferece uma ótima assistência médica e, mesmo assim, ainda tenho que gastar muuuuito dinheiro levando meu filho em especialistas que não atendem pelo convênio e pagando caro por exames que o convênio não cobre. Sem contar que faz parte da minha vida trabalhar. Sou mãe, amo meu filho, mas não preciso abrir mão de tudo o que fazia antes para ser uma mãe suficientemente boa. Até porque os bebês crescem e, mais cedo ou mais tarde, vão para a escolinha. Aí eu faço o que? Com certeza me recolocar não seria tão fácil após anos de dedicação exclusiva a maternidade. 
E vamos ver pelo outro lado...o meu filho tem se desenvolvido ainda mais depois que começou a frequentar a escolinha. Ele faz várias atividades que estimulam os sentidos e a parte motora, tem aulas de inglês, tem contato com outros bebês, com outras pessoas...isso tudo é muito bom! 
Óbvio que se fosse fundamental parar de trabalhar para me dedicar à maternidade, eu faria isso, mas não é esse o caso. 
Os bebês pegam resfriado, virose, os bebês APLV entram em crise (dependendo do berçário que frequentam) e, com certeza, ficar com a mamãe em casa seria o mundo ideal. Eu estou cansada de ouvir o mesmo discurso nas consultas médicas e gostaria que os médicos entendessem as mães que trabalham, assim como eu entendo todas as "desvantagens" que eles colocam ao se referir as escolinhas.
Depois que voltei a trabalhar, eu me sinto uma mãe melhor. Passo menos tempo com o Antonio, mas o tempo que estou com ele, estou só com ele. Temos mais qualidade no nosso relacionamento e isso é muito gostoso. Também posso oferecer ao Antonio cuidados e coisas que talvez faltariam se eu não tivesse um trabalho. 
Então, após as consultas, eu lembro de tudo isso e não deixo que os sentimentos negativos tomem conta de mim. 
Eu sou uma ótima mãe e ponto. 

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Teste de Intolerância Alimentar

O Antonio reagiu a maçã e foi uma das piores reações que ele já teve. O pediatra e a alergista dele estavam em férias, então levei em uma pediatra que alguns amigos indicaram. Ela pediu para levar o Antonio em uma Nutróloga e até indicou uma profissional, mas levei em uma outra que algumas pessoas que conheço recomendaram. 
A consulta foi ótima, gostei bastante da médica. Ela me explicou várias coisas, inclusive que o Antonio pode ser alérgico a alguns alimentos e intolerante a outros. 
Por suspeitar que ele tenha intolerância alimentar, ela pediu para ele fazer um exame que aponta intolerância alimentar a 221 alimentos. No primeiro momento fiquei muito animada e esperançosa. O exame é caro e ela indica um laboratório de Juiz de Fora. A coleta é realizadas no próprio consultório e a amostra é enviada para MG. Como meu bebê tem apenas 8 meses, ela me disse que o sangue podia ser tirado pelo pezinho, pois precisava de apenas 10 gotinhas. No outro dia fomos fazer a coleta e foi horrível! Ela furou os dois pezinhos dele, várias vezes e só conseguiu extrair 2 gotas de sangue. Eu não quis mais que continuasse e a própria médica achou que era melhor parar por ali. O Antonio chorou demais e meu coração ficou partido vendo aquela cena. 
Fomos para casa e depois de ver o quanto esse exame judiou do meu pequeno, resolvi pesquisar mais. Liguei no laboratório Lemos Lab para pedir mais explicações sobre esse exame. A pessoa que me atendeu parecia não estar muito segura das informações que estava passando. Mesmo assim, agendei uma nova coleta de sangue, dessa vez pela veia, mas ele teve otite e eu desisti na véspera. Achei que era muito desgaste para o Antonio passar por esse estresse num momento em que já estava sentindo dor. Talvez isso seja um pretexto para eu não submeter o meu filho novamente ao sofrimento da coleta de sangue...sei lá. Resolvi ler mais sobre esse exame e encontrei mais dois laboratórios em São Paulo que também tem esse teste, o Pathos e o Instituto de Microecologia. Entrei em contato com os laboratórios e em um deles me informaram que o teste só é realizado a partir dos 2 anos de idade. Já no outro, informaram que pode ser feito em bebês. Fiquei confusa, pois li muitos comentários negativos sobre o teste de Intolerância Alimentar.
Pelo que sabia, apenas três laboratórios no Brasil realizavam esse teste e o preço varia de R$ 1.450,00 a R$ 2.650,00. Como já entrei em contato com três laboratórios, acredito que tenha mais que realize esse exame.
Estou em dúvida sobre realizar ou não o teste. Não pelo valor, pois o meu filho é a minha prioridade, mas por expor o meu bebê a um sofrimento desnecessário, já que a eficácia do teste não é garantida. Conversei com a gastropediatra sobre o procedimento e ela disse que posso até fazer, mas ela não solicitará porque não acredita na veracidade do resultado.
Por outro lado penso que tenho que tentar tudo o que estiver ao meu alcance para tentar ajudar meu filho. 
Enfim, até a próxima semana eu terei tempo para pensar e pesquisar mais sobre o exame de Intolerância Alimentar.  
Se alguém já fez esse exame e puder compartilhar a experiência, ficarei imensamente grata.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Meu bebê está engatinhando!

Eu esperei tanto por esse momento! 
Tinha certeza que o Antonio engatinharia pela primeira vez na escolinha, mas ele é tão especial, que esperou eu estar presente para me mostrar sua nova habilidade. 
Foi numa sexta-feira a noite, dia 5 de agosto, um dia depois de completar 8 meses...Estávamos no quarto dele brincando no tapetinho de EVA quando de repente, ele foi. Sozinho. Sem medo. Eu comecei a gritar para o meu marido: "Ele engatinhou! Ele engatinhou!". Morri de orgulho e felicidade. 
Não só por ter sido a primeira pessoa a ver essa grande conquista do meu pequeno, mas também porque ele não ia pular essa fase tão importante para o desenvolvimento. 
E vocês sabem por que engatinhar é tão importante?

1. Ajuda a desenvolver grupos musculares importantes das mãos, dos braços, dos ombros, além de fortalecer ligamentos, necessários para o aprimoramento de habilidades motoras finas. A articulação da base do polegar, em especial, é bastante estimulada. Todos esses ganhos são importantes para o desenvolvimento da escrita e da coordenação fina.

2. A criança aperfeiçoa habilidades visuais, que envolvem a percepção espacial e de profundidade. Essas competências serão empregadas no momento de ler e escrever. Ao pular a fase de engatinhar, aumenta a probabilidade de a criança apresentar dificuldades futuras, principalmente na aquisição da leitura, escrita e cálculos.

3. É uma nova etapa do desenvolvimento neurológico. Quando uma criança começa a engatinhar, o movimento repetitivo ajuda a estimular as conexões dos neurônios, permitindo que o cérebro possa controlar processos cognitivos, como a concentração, a compreensão e a memória.

4. Vai fortalecer a coluna, o equilíbrio e aprimorar a coordenação motora geral, antes de andar. É a primeira atividade do bebê que envolve a alternância de braços e pernas, em movimentos simétricos. A coordenação entre o hemisfério esquerdo e o direito do cérebro é trabalhada, e o bebê processa a visão e o movimento ao mesmo tempo. Assim, ele se prepara melhor para ficar de pé, caminhar, correr e praticar esportes.

5. Constrói autoconfiança para tomar as primeiras decisões. Aprende quando desacelerar, ir mais rápido e quando investigar os obstáculos em seu caminho. (Fonte: http://desenvolvimento-infantil.blog.br)


Visto a importância dessa fase, eu estímulo o Antonio para que ele engatinhe muito, o tempo que ele quiser. Ver meu bebe andando também vai ser maravilhoso, mas cada coisa no seu tempo.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Primeiro dia na escolinha

Começamos a procurar escolinha pro Antonio em março. Já não estava sendo fácil achar, depois que descobrimos a APLV ficou pior ainda. Precisamos tomar alguns cuidados a mais e nos certificarmos de que teria uma nutricionista na escola, afinal, ele tem alergia a outros alimentos além do leite e precisa de certos cuidados. Descobrimos que a maioria das escolinhas pagam uma nutricionista apenas para elaborar o cardápio e isso já não nos atende. 
Visitamos cinco berçários e dois deles eu não gosto nem de passar na frente. Gostei de dois, mas ainda não eram exatamente como eu queria.
A esperança é a ultima que morre e continuamos visitando escolinhas, até que conhecemos uma pela qual eu me apaixonei. Eu me apaixonei pela limpeza, pelo clima, pelas pessoas, pelos bebês, pelo tamanho, pela nutricionista, pelo cuidado, pela compreensão, por tudo! Saí de lá muito feliz e logo voltamos para fazer a matrícula. 
O tempo voou e o grande dia chegou. Hoje foi o início da adaptação (da mamãe). Ficamos na escolinha por aproximadamente duas horas e eu confesso que, embora estivesse segura sobre a minha decisão, segurei o choro várias vezes. 
Não é fácil! Foram 6 meses e 16 dias grudados e saber que iremos nos separar durante o dia me deixa angustiada. Por mais que eu já estivesse me preparando psicologicamente para esse momento, eu senti. Ele não. Brincou, comeu, gargalhou, dormiu, mamou...E ver tudo isso me deu um certo alívio. 
Que a nossa adaptação seja tranquila! 

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Viajando para o exterior com um bebê de 6 meses

Muitas pessoas disseram que eu sou corajosa por ter viajado pro exterior com um bebê de seis meses. Alguns devem admirar essa atitude e outros devem pensar que sou uma mãe louca e inconsequente. Então vou contar um pouquinho sobre como essa decisão foi tomada. 
Em primeiro lugar, eu não sou corajosa. Eu fiquei apreensiva durante a viagem toda e confesso que pensei em desistir várias vezes. Mas não seria justo com o Rodolpho e nem comigo, afinal, tenho sido mãe por tempo integral desde o dia 04 de dezembro. Eu sempre poupei o Antonio de muitas coisas, abri mão da minha individualidade e estava precisando descansar. A alergia alimentar dele e o desmame antes do planejado me deixaram extremamente esgotada.
Antes do nascimento do Antonio, o Rodolpho e eu conversamos sobre incluí-lo na nossa rotina e isso envolve nossas tão amadas viagens. Em janeiro decidimos que iríamos viajar nas nossas férias (sim, estou de férias, pois a minha licença maternidade já acabou). Em fevereiro decidimos qual seria o destino. Pensamos no Nordeste, em Gramado e, por fim, optamos por Bariloche, um lugar que eu sempre quis conhecer. 
Reservamos um quarto com cozinha e bastante aconchegante, já sabendo que ficaríamos muito tempo no hotel, conversamos com todos os médicos do Antonio sobre a viagem, fizemos um belo kit viagem, cheio de remédios prescritos pelo pediatra e pela alergista, também procuramos um seguro saúde, pedimos para Deus cuidar de nós e fomos. Essa escolha foi muito acertada e veio em boa hora, para que pudéssemos renovar as nossas energias para mudar de fase. Na volta, as coisas serão diferentes, o Antonio vai para a escolinha e eu vou voltar para o trabalho. 
Eu era profissional, agora sou mãe, ser mãe/profissional é algo novo para mim. 
Mais uma vez eu sei que Deus irá me ajudar e essa transição será mais leve do que eu imagino.
Então, se tiver a oportunidade de passar um tempo com a sua família antes da sua rotina mudar novamente, deixe o medo de lado e faça isso! 😉
Viajar com um bebê é muito mais tranquilo do que eu poderia imaginar. E é tão bom, mas tão bom, que nem faz diferença deixar de fazer um ou outro passeio, afinal de contas, você vai estar com a sua melhor companhia. 

segunda-feira, 2 de maio de 2016

O desmame

Acabou!
Foram 4 meses e 27 dias amamentando. E só Deus sabe o quanto a amamentação foi difícil pra mim. Posso dizer que foi a parte mais complicada da doce experiência de ser mãe.
Eu nunca quis amamentar. Até a enfermeira levar o Antonio pra mim e ele ir direto pro meu peito...Desde a primeira vez, ele mamou direitinho e já demonstrou ser um bebê muito guloso. A fome era grande e eu não tinha leite suficiente. Sai da maternidade com orientação da pediatra para dar complemento. Resisti. Depois de alguns dias, eu cedi e ele mamou. Chorei. Chorei porque eu deixei meu bebê passar fome, chorei porque o meu leite não era suficiente. E eu comecei a oferecer o complemento três vezes ao dia, depois duas, uma e, em 20 dias, eu já tinha muito leite, não era necessário complementar mais nenhuma mamada.
Eu passava o dia e as noites amamentando. Às vezes o sono me vencia, perdi as contas de quantas vezes eu dormi amamentando. Nessa época a médica me orientou a dar complemento novamente porque eu estava acabada, mas eu não quis. 
Passou um tempo e o refluxo oculto foi diagnosticado. Mais uma vez eu chorei. A última mamada era sofrida e desgastante para nós dois. Iniciávamos as 21:30 e acabávamos as 2:00. Eu não suportava mais ver o sofrimento do Antonio, então ele começou a mamar 80ml de leite anti refluxo a noite. Chorei de novo. O refluxo melhorou, ele começou a dormir mais e melhor. Dormia tanto que algumas mamadas da madrugada deixaram de existir e aí veio a mastite. Febre, dor, pus e a opção do desmame. Optei por continuar amamentando. Quinze dias se passaram e empedrou meu leite. Febre e dor novamente. E eu continuei amamentando. 
Foi então que descobrimos a APLV. Minha opção foi fazer a dieta e continuar amamentando. Aí veio a suspeita de alergias múltiplas. Eu exclui leite, soja, feijão, oleaginosas, ovo, glúten, minha vida social acabou, mas ainda assim, eu queria amamentar. Mesmo com toda a exclusão alimentar, ele não estabilizava. Eu estava emagrecendo, ficando fraca e doente. Olhar pro Antonio e ver reações alérgicas estava me deixando fazendo muito mal. Eu ainda comia algo que fazia mal a ele e eu não sabia o que era. Foi quando as médicas e a nutricionista disseram que o mais adequado seria o desmame. Eu não aceitei e as reações continuaram. Aí conversei com o Rodolpho e decidi que faria o desmame aos poucos. O Antonio não queria aceitar a fórmula e eu não estava insistindo. Em três dias ele já aceitava a fórmula, mas eu ainda não aceitava o desmame. Até eu perceber que ele estava reagindo a peixe e ter que fazer o desmame de repente, pois tinha o alergeno no meu leite e eu não conseguia mais oferecer a ele um leite que eu sabia que não era "limpo".
E assim aconteceu. Não foi no período que planejei, não foi da forma que planejei, mas foi do jeito que Deus quis. 
Eu continuo fazendo dieta de exclusão, ainda não tive coragem de secar o meu leite e cada vez que eu vejo o Antonio mamando na mamadeira eu sinto um misto de alegria e tristeza. As reações estão indo embora e eu espero que o vínculo que estabelecemos pela amamentação nesses quase 5 meses, permaneça pela vida toda. 
Pra ele esse processo está sendo muito mais fácil do que pra mim. Entendo que amamentar não seja mais uma opção, pois se fosse eu continuaria amamentando. Agora o desmame se tornou uma necessidade. 
Foi pelo Antonio que eu fiz de tudo para amamentar e é por ele que hoje eu faço o desmame. 
Agradeço a Deus por ter me proporcionado essa experiência maravilhosa e por ter conseguido chegar até aqui. 
O meu conceito sobre a amamentação mudou e se eu pudesse dar um conselho para as mamães, meu conselho seria: Amamente o seu filho o máximo que você puder. Não só pelo bem que o LM faz, mas pelos momentos inesquecíveis e pela relação mãe-filho que a amamentação proporciona.

sexta-feira, 4 de março de 2016

3 meses

Uns dias são difíceis, outros são muito difíceis. E isso não tem relação nenhuma com o meu cansaço ou com as suas poucas horas de sono. 
O que torna a minha vida de mãe complexa são as 24 horas diárias de preocupação com a pessoa mais importante do meu mundo; as dúvidas de uma mãe de primeira viagem; a ansiedade que insiste em me acompanhar; o desejo de ser a mãe perfeita para você; a frustração de não poder fazer as coisas como eu tenho vontade, para assim evitar que você sofra no futuro; a angústia de pensar no seu primeiro dia na escolinha; a insegurança que surge sempre que me deparo com algo novo e o eterno medo de errar. 
E quando me diziam que passava rápido, eu duvidava. Hoje sinto falta dos nossos primeiros dias juntos, de quando eu precisava acompanhar você em todas as suas sonecas para aguentar firme até as 4:30 da madrugada, das horas e horas amamentando, do seu umbigo que custou a cair e até do seu chorinho de recém-nascido. 
Logo estarei sentindo falta de assistir "Os Piratinhas!" com você, de cochilar enquanto ouço "shhhhh" para te acalmar, das dezenas de vezes que vou verificar a sua respiração enquanto dorme e da sua conversa de bebê. 
São três meses de toda uma vida de aprendizado, dedicação, amor e felicidade. 
Antonio, a mamãe ama você! 💙

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Meu parto não foi como eu sonhei

Desde antes de ser mãe eu já sabia que queria que meu filho nascesse de parto normal.
Falei sobre esse assunto com o meu marido antes de engravidar e ele discordou, mas eu disse a ele que cabia a mim decidir. 
Ok! Engravidei e fui na minha primeira consulta com a obstetra já informei que tentaria o parto normal e que não era uma pessoa radical. Se fosse pelo bem do bebê e o meu também, eu aceitaria que fosse cesárea, mas se as condições fossem favoráveis, seria normal sim.
Minha gestação foi linnnnda! No sétimo mês eu tive bursite de quadril e inflamação no ciático, então comecei a fazer fisioterapia e pilates. Foquei em exercícios que facilitassem o parto normal. 
Tive alguns problemas com a minha médica. Ela é uma excelente profissional, mas não estabelecemos um vínculo e ela não me dava abertura para falar sobre o parto. No meu ponto de vista, ela não é muito a favor do PN. Troquei de obstetra, mas isso é  assunto para outro post.
39 semanas e 3 dias, fui na minha consulta de acompanhamento e o médico disse: "Colo do útero super fechado. Esse bebê ainda vai demorar pra vir. Se bem que amanhã muda a lua e, nenhum obstetra sabe explicar, mas quando muda a lua, as maternidades ficam cheias". Dito e feito!
A lua mudava as 5:40. As 6:50 eu acordei sentindo uma dor estranha. Minha mãe já estava em casa e eu perguntei se o que eu estava sentindo era contração. Ela não pode me ajudar, pois teve três cesáreas agendadas e nunca sentiu uma contração. 
Pesquisei sobre contrações e comecei a contar o intervalo entre as dores as 11:43. Variava um pouco. 9, 11 minutos de intervalo. Logo já estava sentindo dores de 6 em 6 minutos. Liguei para o meu marido e pedi para ele não fazer hora extra, pois queria ir para o hospital quando ele chegasse. Ele perguntou se eu queria já ir pro hospital, mas eu estava tranquila, não quis. 
Mandei e-mail e WhatsApp para o meu obstetra, ele devia estar muito ocupado e não viu minhas mensagens. Liguei para a secretaria dele, ainda tranquila, e pedi para ela dar o recado a ele. Ela retornou dizendo que ele queria me ver as 16:00 e eu disse que não dava para esperar. As dores já vinham a cada 3 minutos e eu estava começando a ficar preocupada. Falei que ia para a maternidade e ela disse que não, que era pra eu correr para o consultório que eu seria atendida assim que chegasse. 
Cheguei e já entrei. Ele falou que eu estava tendo contrações fracas (what???) e que era para eu ir pro hospital fazer o cardiotoco. Fiz e, realmente, minhas contrações não eram tão fortes, mas só pude fazer essa análise horas depois. Fiz mais um exame e estava tudo limpo, sem mecônio. Eu podia esperar, afinal, só tinha 1 dedo de dilatação. Voltei para casa.
O tempo foi passando e a dor aumentando. Eu entrava embaixo do chuveiro, a dor melhorava, saia do chuveiro e não tinha posição para ficar. Eu estava extremamente exausta, queria dormir, mas não conseguia. Por volta das 21:30 eu falei para o meu marido e minha mãe que não era fraca, mas já não dava mais pra suportar aquela dor. Já fazia mais de 12 horas que eu estava tendo contrações, eu estava esgotada. 
Fomos para o hospital novamente, fiz outro cardiotoco e aí sim eu vi que as contrações estavam fortíssimas. Eu podia escolher entre tomar ou não buscopan, tomei, mas não ajudou em nada. Eu chorava de dor, apertava o braço da poltrona e rezava. Meu marido ligou para o obstetra e ele disse que eu decidiria o que fazer. Ainda não dava para me internar porque eu só tinha 1 e meio de dilatação, podiam induzir o parto ou eu podia optar pela cesariana. 
Gente! Como eu ia tomar uma decisão dessa? Eu queria parto normal, nunca parto induzido e nem cesárea. A opção que eu escolheria não estava entre as que eu tinha. As enfermeiras abençoadas me explicaram como seria o parto induzido, me falaram sobre a cesárea e eu só chorava mais e mais. O Antonio tinha feito a parte dele, eu não estava fazendo a minha. Eu precisava ter dilatação!
Enfim, pensei no meu bebê e optei pela cesariana. Eu sempre tive muuuuito medo que o bebê engolisse mecônio. A palavra cesárea não saia da minha boca, então eu disse: "Cheguei até aqui e não vou conseguir. Rodolpho, fala pro Doutor que ele pode vir". 
Meu mundo caiu! Eu NUNCA tinha parado pra pensar em como seria a cesárea, nunca nem conversei com ninguém sobre isso. Fui para o quarto para me preparar. A enfermeira me falou pra fazer xixi, fiz e perguntei se tinha banheiro no centro cirúrgico, pois eu estava fazendo xixi toda hora. Ela respondeu que lá eu não ia precisar ir ao banheiro. Foi aí que lembrei da sonda. EU ODEIO SONDA! Perguntei se ia por sonda e quando ela falou sim, eu chorei ainda mais, ai que desespero!
Me despedi da minha mãe e do Rodolpho e fui. Fiquei com dó da minha mãe, ela viu que eu estava com muito medo. 
Hora da anestesia. EU ODEIO ANESTESIA! Dei muito trabalho, até ouvir o nome de uma das enfermeiras, Duda. Sabia que a Duda, namorada de um colega de trabalho, era enfermeira naquela maternidade. Perguntei se ela era ela mesma e sim, era! Eu grudei na mão dela e deixei a anestesista trabalhar. 
As contrações cessaram, o médico chegou, o Rodolpho entrou, mais branco do que uma folha sulfite. Ele perguntou se eu estava com medo e eu respondi que não. Menti. Fiz a mesma pergunta pra ele e ele respondeu: "Um pouco". Ferrou! Ele não tem medo de nada e estava com medo da cesárea, me certifiquei de que ele não iria desmaiar. 
Logo ouvi um choro tão lindinho e uma enfermeira dizendo: 3,600. Eu só podia estar muito dopada, pois no último US, feito horas antes, indicava que o Antonio nasceria com cerca de 3,100 kg. 
Levaram o Antonio pra eu ver. Ele era o bebê mais lindo que eu já tinha visto em toda a minha vida. Eu NUNCA vou conseguir explicar o que senti naquele momento. O Rodolpho foi com ele no colo até o berçário e eu continuei lá, ainda precisavam me costura e me colar. 
Aí eu comecei a passar muito mal. Eu achava que ia desmaiar, chamava o médico e a enfermeira toda hora, eu tive uma sensação horrível e só depois fui descobrir que foi por causa da morfina que me deram antes do início do parto. Eu não posso tomar morfina, fico muito louca, fora de mim. 
A pessoa responsável pela coleta das células tronco do Antonio começou a me fazer algumas perguntas do tipo: Como será o nome completo do bebê e qual era meu CPF. Respondi, mas falei pra ela não confiar em mim e ir atrás do Rodolpho porque eu não estava muito ciente dos meus atos. 
Fui para o quarto e o Antonio logo chegou. Ele já foi direto pro meu peito e mamou direitinho. Menino bonzinho! 
Fiquei acordada 42 horas direto, só queria olhar pro Antonio pra acreditar que aquele bebê lindo era o meu.
Agradeço muito a Deus pelo meu bebê, pelo meu parto e em nenhum momento senti dor. 
Fiquei no hospital por poucos dias, até domingo na hora do almoço, e voltei pra casa ainda meio atrapalhada. 
Eu só sabia falar sobre não ter conseguido ter parto normal, eu acordava desesperada, sentindo contrações e não podia sequer olhar para o corte. Esse sentimento demorou algumas semanas para passar e eu chorei muito devido à minha frustração. 
Hoje eu já elaborei isso, sei que foi a vontade de Deus, pois em todas as minhas orações eu pedi a Ele que fizesse com que eu optasse pelo melhor parto para o Antonio e para mim e sei que fui guiada.
Se eu tiver um segundo filho, tentarei novamente o parto normal, mas não me frustrarei se não acontecer novamente. 
Minhas expectativas serão menores. 

Resumindo: 39 semanas e 5 dias, 17 horas com contrações para ter um bebê saudável, com 3,600kg e 49,5cm. 
Obrigada, Deus!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

O morfológico do segundo trimestre

Prometi escrever sobre isso quando a tormenta passasse. Sim, no fundo eu sabia que ia passar.

Era 7 de agosto, sexta-feira. Pela primeira vez, eu estava indo tranquila fazer o ultrassom. A médica já me conhecia e sabia sobre a minha ansiedade. Perguntou como eu estava e eu disse que estava calma como nunca. Que ironia do destino!
Começamos o exame e a médica fez algumas perguntas diferentes, do tipo: "Teve sangramento durante a gravidez?", "Teve alguma infecção?". As respostas eram todas negativas. 
O exame acabou e a Doutora me perguntou se tinha algum caso de fibrose cística na família. Eu nem sabia da existência dessa doença, respondi que não e depois perguntei o que era isso, pois se tivesse algum portador, eu não saberia identificar. A médica fez uma cara de...não sei explicar, e falou que se tivesse alguém, eu saberia. Sou muito curiosa e quis detalhes sobre a doença. Ela me disse que são pessoas que possuem muito muco e ficou por isso mesmo, que eu saberia identificar se conhecesse alguém e ficou por isso mesmo. 
Pois bem, no ultrassom ela viu que o intestino do bebê estava "esbranquiçado", inclusive me mostrou a imagem e eu puder ver claramente. Isso era uma alteração no morfológico.  
Entrei no banheiro para me trocar e saí aos prantos. A médica tentou me consolar, mas todas as tentativas foram em vão. Eu só ouvia a seguinte frase: " O seu bebê tem fibrose cística", embora ela NUNCA tenha falado isso. A última recomendação que ela me deu foi: "Não procure nada sobre isso na internet" e essa foi a primeira coisa que fiz quando cheguei no carro com o meu marido. Chorei, chorei, chorei e chorei. Achei um site (http://unidospelavida.org.br/a-fibrose-cistica/que falava sobre a doença e aí chorei ainda mais. Não chorei pelo fato de ter um bebê com FC, mas sim por saber como essa doença é e como os portadores vivem. 
Dia 9 de agosto seria Dia dos Pais e, por isso, na manhã de sábado eu viajaria para a casa dos meus pais. 
Passei a noite em claro, chorando e rezando. Falei com meu marido, meus pais e cancelei a viagem. Não tinha clima para comemorações. Ao invés disso, fui para Aparecida do Norte, pedir pelo meu bebê.
A partir daí, a minha vida virou de pernas para o ar! Eu só chorava, mal dormia, não comia. Minha chefe perguntou se eu queria ficar uns dias em casa, pois eu estava realmente abalada. Optei por trabalhar, já que era uma forma de me distrair e sair do Google, lugar onde eu buscava informações sobre a doença, já que a minha obstetra não quis atender às minhas ligações e não respondeu ao meu torpedo. Mas isso é assunto para outro post.
Eu ligava insistentemente para a médica que fez o meu ultrassom pedindo para ela adiantar o laudo. Ela me ligou, na esperança de me acalmar, mas mais uma vez foi em vão. 
No dia da minha consulta com a obstetriz, fui e levei o laudo. As médicas já tinham conversado entre elas e a minha obstetra disse que só depois que o bebê nascesse teríamos certeza de que ele teria ou não alguma anomalia. 
Repeti o exame em outra clinica, com outro médico. Ele não se atentou a mancha esbranquiçada no intestino do bebê. Quando expliquei o que havia ocorrido, ele disse que realmente enxergava a mancha, mas que não se preocuparia com aquilo.
Os dias foram passando, aos poucos eu fui voltando a comer e dormir. 
Realizei um exame (eco fetal) para verificar se havia alguma alteração no coração do bebê e, graças a Deus, não tinha nada. Esse exame é solicitado quando é detectado algo diferente no pré natal. 
Continuei realizando meus exames e a mancha estava melhorando a cada ultrassom. No último US já não tinha mais nada. De qualquer forma, eu só ficaria em paz depois do teste do pezinho. 
Independente de qualquer coisa, a partir desse momento eu comecei a amar ainda mais o meu bebê e percebi que nada nesse mundo tem mais importância do que ele.
Se foi milagre ou só algo que não merecia atenção, eu não sei. 
No dia 04/12/15 o meu filho nasceu, sem nenhuma má formação. Fizemos o teste do pezinho e nada foi detectado. 
Eu queria compartilhar essa experiência, pois foram dias de angústia e sofrimento, que só pioravam de acordo com as minhas buscas na internet. Saibam que mancha esbranquiçada no intestino no bebê pode não significar absolutamente nada.