quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

O morfológico do segundo trimestre

Prometi escrever sobre isso quando a tormenta passasse. Sim, no fundo eu sabia que ia passar.

Era 7 de agosto, sexta-feira. Pela primeira vez, eu estava indo tranquila fazer o ultrassom. A médica já me conhecia e sabia sobre a minha ansiedade. Perguntou como eu estava e eu disse que estava calma como nunca. Que ironia do destino!
Começamos o exame e a médica fez algumas perguntas diferentes, do tipo: "Teve sangramento durante a gravidez?", "Teve alguma infecção?". As respostas eram todas negativas. 
O exame acabou e a Doutora me perguntou se tinha algum caso de fibrose cística na família. Eu nem sabia da existência dessa doença, respondi que não e depois perguntei o que era isso, pois se tivesse algum portador, eu não saberia identificar. A médica fez uma cara de...não sei explicar, e falou que se tivesse alguém, eu saberia. Sou muito curiosa e quis detalhes sobre a doença. Ela me disse que são pessoas que possuem muito muco e ficou por isso mesmo, que eu saberia identificar se conhecesse alguém e ficou por isso mesmo. 
Pois bem, no ultrassom ela viu que o intestino do bebê estava "esbranquiçado", inclusive me mostrou a imagem e eu puder ver claramente. Isso era uma alteração no morfológico.  
Entrei no banheiro para me trocar e saí aos prantos. A médica tentou me consolar, mas todas as tentativas foram em vão. Eu só ouvia a seguinte frase: " O seu bebê tem fibrose cística", embora ela NUNCA tenha falado isso. A última recomendação que ela me deu foi: "Não procure nada sobre isso na internet" e essa foi a primeira coisa que fiz quando cheguei no carro com o meu marido. Chorei, chorei, chorei e chorei. Achei um site (http://unidospelavida.org.br/a-fibrose-cistica/que falava sobre a doença e aí chorei ainda mais. Não chorei pelo fato de ter um bebê com FC, mas sim por saber como essa doença é e como os portadores vivem. 
Dia 9 de agosto seria Dia dos Pais e, por isso, na manhã de sábado eu viajaria para a casa dos meus pais. 
Passei a noite em claro, chorando e rezando. Falei com meu marido, meus pais e cancelei a viagem. Não tinha clima para comemorações. Ao invés disso, fui para Aparecida do Norte, pedir pelo meu bebê.
A partir daí, a minha vida virou de pernas para o ar! Eu só chorava, mal dormia, não comia. Minha chefe perguntou se eu queria ficar uns dias em casa, pois eu estava realmente abalada. Optei por trabalhar, já que era uma forma de me distrair e sair do Google, lugar onde eu buscava informações sobre a doença, já que a minha obstetra não quis atender às minhas ligações e não respondeu ao meu torpedo. Mas isso é assunto para outro post.
Eu ligava insistentemente para a médica que fez o meu ultrassom pedindo para ela adiantar o laudo. Ela me ligou, na esperança de me acalmar, mas mais uma vez foi em vão. 
No dia da minha consulta com a obstetriz, fui e levei o laudo. As médicas já tinham conversado entre elas e a minha obstetra disse que só depois que o bebê nascesse teríamos certeza de que ele teria ou não alguma anomalia. 
Repeti o exame em outra clinica, com outro médico. Ele não se atentou a mancha esbranquiçada no intestino do bebê. Quando expliquei o que havia ocorrido, ele disse que realmente enxergava a mancha, mas que não se preocuparia com aquilo.
Os dias foram passando, aos poucos eu fui voltando a comer e dormir. 
Realizei um exame (eco fetal) para verificar se havia alguma alteração no coração do bebê e, graças a Deus, não tinha nada. Esse exame é solicitado quando é detectado algo diferente no pré natal. 
Continuei realizando meus exames e a mancha estava melhorando a cada ultrassom. No último US já não tinha mais nada. De qualquer forma, eu só ficaria em paz depois do teste do pezinho. 
Independente de qualquer coisa, a partir desse momento eu comecei a amar ainda mais o meu bebê e percebi que nada nesse mundo tem mais importância do que ele.
Se foi milagre ou só algo que não merecia atenção, eu não sei. 
No dia 04/12/15 o meu filho nasceu, sem nenhuma má formação. Fizemos o teste do pezinho e nada foi detectado. 
Eu queria compartilhar essa experiência, pois foram dias de angústia e sofrimento, que só pioravam de acordo com as minhas buscas na internet. Saibam que mancha esbranquiçada no intestino no bebê pode não significar absolutamente nada.