segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Meu parto não foi como eu sonhei

Desde antes de ser mãe eu já sabia que queria que meu filho nascesse de parto normal.
Falei sobre esse assunto com o meu marido antes de engravidar e ele discordou, mas eu disse a ele que cabia a mim decidir. 
Ok! Engravidei e fui na minha primeira consulta com a obstetra já informei que tentaria o parto normal e que não era uma pessoa radical. Se fosse pelo bem do bebê e o meu também, eu aceitaria que fosse cesárea, mas se as condições fossem favoráveis, seria normal sim.
Minha gestação foi linnnnda! No sétimo mês eu tive bursite de quadril e inflamação no ciático, então comecei a fazer fisioterapia e pilates. Foquei em exercícios que facilitassem o parto normal. 
Tive alguns problemas com a minha médica. Ela é uma excelente profissional, mas não estabelecemos um vínculo e ela não me dava abertura para falar sobre o parto. No meu ponto de vista, ela não é muito a favor do PN. Troquei de obstetra, mas isso é  assunto para outro post.
39 semanas e 3 dias, fui na minha consulta de acompanhamento e o médico disse: "Colo do útero super fechado. Esse bebê ainda vai demorar pra vir. Se bem que amanhã muda a lua e, nenhum obstetra sabe explicar, mas quando muda a lua, as maternidades ficam cheias". Dito e feito!
A lua mudava as 5:40. As 6:50 eu acordei sentindo uma dor estranha. Minha mãe já estava em casa e eu perguntei se o que eu estava sentindo era contração. Ela não pode me ajudar, pois teve três cesáreas agendadas e nunca sentiu uma contração. 
Pesquisei sobre contrações e comecei a contar o intervalo entre as dores as 11:43. Variava um pouco. 9, 11 minutos de intervalo. Logo já estava sentindo dores de 6 em 6 minutos. Liguei para o meu marido e pedi para ele não fazer hora extra, pois queria ir para o hospital quando ele chegasse. Ele perguntou se eu queria já ir pro hospital, mas eu estava tranquila, não quis. 
Mandei e-mail e WhatsApp para o meu obstetra, ele devia estar muito ocupado e não viu minhas mensagens. Liguei para a secretaria dele, ainda tranquila, e pedi para ela dar o recado a ele. Ela retornou dizendo que ele queria me ver as 16:00 e eu disse que não dava para esperar. As dores já vinham a cada 3 minutos e eu estava começando a ficar preocupada. Falei que ia para a maternidade e ela disse que não, que era pra eu correr para o consultório que eu seria atendida assim que chegasse. 
Cheguei e já entrei. Ele falou que eu estava tendo contrações fracas (what???) e que era para eu ir pro hospital fazer o cardiotoco. Fiz e, realmente, minhas contrações não eram tão fortes, mas só pude fazer essa análise horas depois. Fiz mais um exame e estava tudo limpo, sem mecônio. Eu podia esperar, afinal, só tinha 1 dedo de dilatação. Voltei para casa.
O tempo foi passando e a dor aumentando. Eu entrava embaixo do chuveiro, a dor melhorava, saia do chuveiro e não tinha posição para ficar. Eu estava extremamente exausta, queria dormir, mas não conseguia. Por volta das 21:30 eu falei para o meu marido e minha mãe que não era fraca, mas já não dava mais pra suportar aquela dor. Já fazia mais de 12 horas que eu estava tendo contrações, eu estava esgotada. 
Fomos para o hospital novamente, fiz outro cardiotoco e aí sim eu vi que as contrações estavam fortíssimas. Eu podia escolher entre tomar ou não buscopan, tomei, mas não ajudou em nada. Eu chorava de dor, apertava o braço da poltrona e rezava. Meu marido ligou para o obstetra e ele disse que eu decidiria o que fazer. Ainda não dava para me internar porque eu só tinha 1 e meio de dilatação, podiam induzir o parto ou eu podia optar pela cesariana. 
Gente! Como eu ia tomar uma decisão dessa? Eu queria parto normal, nunca parto induzido e nem cesárea. A opção que eu escolheria não estava entre as que eu tinha. As enfermeiras abençoadas me explicaram como seria o parto induzido, me falaram sobre a cesárea e eu só chorava mais e mais. O Antonio tinha feito a parte dele, eu não estava fazendo a minha. Eu precisava ter dilatação!
Enfim, pensei no meu bebê e optei pela cesariana. Eu sempre tive muuuuito medo que o bebê engolisse mecônio. A palavra cesárea não saia da minha boca, então eu disse: "Cheguei até aqui e não vou conseguir. Rodolpho, fala pro Doutor que ele pode vir". 
Meu mundo caiu! Eu NUNCA tinha parado pra pensar em como seria a cesárea, nunca nem conversei com ninguém sobre isso. Fui para o quarto para me preparar. A enfermeira me falou pra fazer xixi, fiz e perguntei se tinha banheiro no centro cirúrgico, pois eu estava fazendo xixi toda hora. Ela respondeu que lá eu não ia precisar ir ao banheiro. Foi aí que lembrei da sonda. EU ODEIO SONDA! Perguntei se ia por sonda e quando ela falou sim, eu chorei ainda mais, ai que desespero!
Me despedi da minha mãe e do Rodolpho e fui. Fiquei com dó da minha mãe, ela viu que eu estava com muito medo. 
Hora da anestesia. EU ODEIO ANESTESIA! Dei muito trabalho, até ouvir o nome de uma das enfermeiras, Duda. Sabia que a Duda, namorada de um colega de trabalho, era enfermeira naquela maternidade. Perguntei se ela era ela mesma e sim, era! Eu grudei na mão dela e deixei a anestesista trabalhar. 
As contrações cessaram, o médico chegou, o Rodolpho entrou, mais branco do que uma folha sulfite. Ele perguntou se eu estava com medo e eu respondi que não. Menti. Fiz a mesma pergunta pra ele e ele respondeu: "Um pouco". Ferrou! Ele não tem medo de nada e estava com medo da cesárea, me certifiquei de que ele não iria desmaiar. 
Logo ouvi um choro tão lindinho e uma enfermeira dizendo: 3,600. Eu só podia estar muito dopada, pois no último US, feito horas antes, indicava que o Antonio nasceria com cerca de 3,100 kg. 
Levaram o Antonio pra eu ver. Ele era o bebê mais lindo que eu já tinha visto em toda a minha vida. Eu NUNCA vou conseguir explicar o que senti naquele momento. O Rodolpho foi com ele no colo até o berçário e eu continuei lá, ainda precisavam me costura e me colar. 
Aí eu comecei a passar muito mal. Eu achava que ia desmaiar, chamava o médico e a enfermeira toda hora, eu tive uma sensação horrível e só depois fui descobrir que foi por causa da morfina que me deram antes do início do parto. Eu não posso tomar morfina, fico muito louca, fora de mim. 
A pessoa responsável pela coleta das células tronco do Antonio começou a me fazer algumas perguntas do tipo: Como será o nome completo do bebê e qual era meu CPF. Respondi, mas falei pra ela não confiar em mim e ir atrás do Rodolpho porque eu não estava muito ciente dos meus atos. 
Fui para o quarto e o Antonio logo chegou. Ele já foi direto pro meu peito e mamou direitinho. Menino bonzinho! 
Fiquei acordada 42 horas direto, só queria olhar pro Antonio pra acreditar que aquele bebê lindo era o meu.
Agradeço muito a Deus pelo meu bebê, pelo meu parto e em nenhum momento senti dor. 
Fiquei no hospital por poucos dias, até domingo na hora do almoço, e voltei pra casa ainda meio atrapalhada. 
Eu só sabia falar sobre não ter conseguido ter parto normal, eu acordava desesperada, sentindo contrações e não podia sequer olhar para o corte. Esse sentimento demorou algumas semanas para passar e eu chorei muito devido à minha frustração. 
Hoje eu já elaborei isso, sei que foi a vontade de Deus, pois em todas as minhas orações eu pedi a Ele que fizesse com que eu optasse pelo melhor parto para o Antonio e para mim e sei que fui guiada.
Se eu tiver um segundo filho, tentarei novamente o parto normal, mas não me frustrarei se não acontecer novamente. 
Minhas expectativas serão menores. 

Resumindo: 39 semanas e 5 dias, 17 horas com contrações para ter um bebê saudável, com 3,600kg e 49,5cm. 
Obrigada, Deus!