segunda-feira, 2 de maio de 2016

O desmame

Acabou!
Foram 4 meses e 27 dias amamentando. E só Deus sabe o quanto a amamentação foi difícil pra mim. Posso dizer que foi a parte mais complicada da doce experiência de ser mãe.
Eu nunca quis amamentar. Até a enfermeira levar o Antonio pra mim e ele ir direto pro meu peito...Desde a primeira vez, ele mamou direitinho e já demonstrou ser um bebê muito guloso. A fome era grande e eu não tinha leite suficiente. Sai da maternidade com orientação da pediatra para dar complemento. Resisti. Depois de alguns dias, eu cedi e ele mamou. Chorei. Chorei porque eu deixei meu bebê passar fome, chorei porque o meu leite não era suficiente. E eu comecei a oferecer o complemento três vezes ao dia, depois duas, uma e, em 20 dias, eu já tinha muito leite, não era necessário complementar mais nenhuma mamada.
Eu passava o dia e as noites amamentando. Às vezes o sono me vencia, perdi as contas de quantas vezes eu dormi amamentando. Nessa época a médica me orientou a dar complemento novamente porque eu estava acabada, mas eu não quis. 
Passou um tempo e o refluxo oculto foi diagnosticado. Mais uma vez eu chorei. A última mamada era sofrida e desgastante para nós dois. Iniciávamos as 21:30 e acabávamos as 2:00. Eu não suportava mais ver o sofrimento do Antonio, então ele começou a mamar 80ml de leite anti refluxo a noite. Chorei de novo. O refluxo melhorou, ele começou a dormir mais e melhor. Dormia tanto que algumas mamadas da madrugada deixaram de existir e aí veio a mastite. Febre, dor, pus e a opção do desmame. Optei por continuar amamentando. Quinze dias se passaram e empedrou meu leite. Febre e dor novamente. E eu continuei amamentando. 
Foi então que descobrimos a APLV. Minha opção foi fazer a dieta e continuar amamentando. Aí veio a suspeita de alergias múltiplas. Eu exclui leite, soja, feijão, oleaginosas, ovo, glúten, minha vida social acabou, mas ainda assim, eu queria amamentar. Mesmo com toda a exclusão alimentar, ele não estabilizava. Eu estava emagrecendo, ficando fraca e doente. Olhar pro Antonio e ver reações alérgicas estava me deixando fazendo muito mal. Eu ainda comia algo que fazia mal a ele e eu não sabia o que era. Foi quando as médicas e a nutricionista disseram que o mais adequado seria o desmame. Eu não aceitei e as reações continuaram. Aí conversei com o Rodolpho e decidi que faria o desmame aos poucos. O Antonio não queria aceitar a fórmula e eu não estava insistindo. Em três dias ele já aceitava a fórmula, mas eu ainda não aceitava o desmame. Até eu perceber que ele estava reagindo a peixe e ter que fazer o desmame de repente, pois tinha o alergeno no meu leite e eu não conseguia mais oferecer a ele um leite que eu sabia que não era "limpo".
E assim aconteceu. Não foi no período que planejei, não foi da forma que planejei, mas foi do jeito que Deus quis. 
Eu continuo fazendo dieta de exclusão, ainda não tive coragem de secar o meu leite e cada vez que eu vejo o Antonio mamando na mamadeira eu sinto um misto de alegria e tristeza. As reações estão indo embora e eu espero que o vínculo que estabelecemos pela amamentação nesses quase 5 meses, permaneça pela vida toda. 
Pra ele esse processo está sendo muito mais fácil do que pra mim. Entendo que amamentar não seja mais uma opção, pois se fosse eu continuaria amamentando. Agora o desmame se tornou uma necessidade. 
Foi pelo Antonio que eu fiz de tudo para amamentar e é por ele que hoje eu faço o desmame. 
Agradeço a Deus por ter me proporcionado essa experiência maravilhosa e por ter conseguido chegar até aqui. 
O meu conceito sobre a amamentação mudou e se eu pudesse dar um conselho para as mamães, meu conselho seria: Amamente o seu filho o máximo que você puder. Não só pelo bem que o LM faz, mas pelos momentos inesquecíveis e pela relação mãe-filho que a amamentação proporciona.